Como acabar rapidamente com uma dívida (com simulador de amortizações a crédito à habitação)
Sabia que, sem grande esforço, é possível reduzir em 20 anos o pagamento de um crédito à habitação ?
Neste artigo explicamos como se pode livrar do seu crédito à habitação tirando partido das amortizações antecipadas. Partilhamos ainda um excelente simulador que lhe mostra a evolução da sua prestação mensal ao longo dos anos, e ainda o efeito que as amortizações têm na mesma.
Imagine que possui um crédito à habitação de 100.000€ a 50 anos. Nas simulações que fizemos, se conseguir colocar mensalmente 100€ de lado para amortizar o crédito (acrescido das “sobras” – explicado adiante), consegue livrar-se dele em 30 anos, e poupar 46.000€ em juros!
Introdução
Quando contrai um crédito à habitação, este normalmente contempla:
- o capital em dívida: o valor total que pediu emprestado. Ex: 100.000€
- o prazo: o número de anos (ou meses) em que vai pagar o crédito. Ex: 50 anos / 600 meses
- a taxa: é constituída pela soma do Spread (a “comissão do banco”), e a Euribor (que varia mensalmente, excepto se tiver taxa fixa). Ex: 2.9% + 0.35% = 3.25%
O crédito vai sendo pago ao longo do tempo em prestações mensais. Uma prestação mensal não é mais que a soma:
- dos juros: é o valor que todos os meses “vai para o banco” (em função da taxa)
- da amortização: é o valor que abate na sua dívida mensalmente. Sempre que paga uma prestação a sua dívida diminui
Por exemplo, quando paga 300€ de prestação, 200€ serão juros e 100€ serão abatidos à sua dívida (valores absolutamente exemplificativos).
Porém pode optar por fazer amortizações parciais antecipadas em qualquer momento. Que, quando bem utilizadas podem fazer milagres pelo seu crédito.
O que acontece quando faz uma amortização antecipada
Sempre que amortiza, a sua dívida diminui e pode ainda escolher entre:
- diminuir o prazo do seu crédito, mantendo o valor da prestação mensal
- diminuir a prestação, mantendo o prazo
A opção 1) é viável, mas não só implica mexer no contrato com o banco, como possui a desvantagem da sua prestação mensal não diminuir. Isto é, pagará o crédito em menos tempo, mas o seu esforço mensal será sempre o mesmo.
Neste artigo focamo-nos na opção 2), que não só lhe reduzirá o esforço mensal com o crédito, como lhe permitirá pagar o crédito em menos tempo se seguir as sugestões abaixo.
Imagine que deve 100.000€ a 50 anos, com uma taxa de 3.25%. Segundo o simulador que disponibilizamos abaixo, a sua prestação mensal será de 337.42€, da qual 270.83€ correspondem a juros e 66.59€ a amortização.
Imagine agora que amortiza 100€ antecipadamente. A sua dívida diminui para 99.833,41€ (devido à amortização mensal + a amortização antecipada), e no mês seguinte a sua prestação mensal desce de 337.42€ para 337.08€. Ou seja, todos os meses poupará 0.34€.
“Tostões… Nem vale a pena“. Desengane-se! O valor nos primeiros meses é irrisório, mas ao fim de alguns meses o montante começa a aumentar tornando-se substancial. O truque – que verá adiante – passa exactamente por tirar partido de todas as sobras adicionais provocadas pela diminuição da prestação, que ao longo dos anos crescem quase exponencialmente.
Quanto consegue colocar de lado por mês para amortizar?
Esta é a questão fulcral. Imagine que consultou o seu www.boonzi.pt/e confirmou que todos os meses lhe sobram 100€. Pode optar por colocar esses 100€ num investimento (ver mais no tópico “quando não deve amortizar“), ou por amortizar o seu crédito mensalmente, sem mexer no prazo. Significa isto que todos os meses tanto a sua dívida como a sua prestação irão diminuir.
Usando o exemplo acima, se todos os meses amortizar 100€:
- prestação no mês 1: €337.42
- prestação no mês 10: €334.37
- prestação no mês 100: €302.74
- prestação no mês 400: €164.20
O seu esforço mensal (a prestação) vai descrescendo e a dívida também diminui.
Ao fim de 10 meses estará a pagar menos 3€ por mês. Se paga menos 3€ por mês, quer dizer que além dos 100€ que lhe sobravam, agora sobram ainda mais 3€. O que acontece se, em vez de gastar estes 3€, no mês seguinte amortizar também estas “pequenas sobras”?
Amortizar as “sobras” resultantes da diminuição da prestação
Estas “pequenas sobras”, como lhe chamei acima, ao fim de algum tempo começam a crescer substancialmente. No mês 100, por exemplo, já lhe sobrarão 41,37€, e no mês 250 sobrarão 156.77€! O hábito de reforçar a amortização com este valor fará com que um crédito de 600 meses seja pago em 357 meses – ou seja, menos 20 anos!
Com uma amortização mensal de 100€, conseguirá pagar o crédito em menos 20 anos, e poupará 46.325.18€ em juros.
Simulador de amortizações em Crédito à Habitação
Experimente o simulador abaixo para tirar as suas conclusões. Experimente a colocar 100€ no valor de amortização mensal, e verá que poupará mais de 28.500€ em juros, e o crédito ficará pago em menos 4 anos.
Depois, active a opção “Amortizar sobras”. A sua poupança em juros aumentará para mais de 46.000€ e o seu crédito ficará pago em menos 20 anos!
Algumas simulações típicas (tx: 3.25%)
Crédito de 100.000€ a 50 anos com amortização mensal de 200€ + sobras: Poupará mais de 63.000€ em juros e pagará o crédito em 260 meses (menos 28 anos)
Crédito de 100.000€ a 50 anos com amortização mensal de 50€ + sobras: Poupará mais de 30.000€ em juros e pagará o crédito em 444 meses (menos 13 anos)
Crédito de 200.000€ a 50 anos com amortização mensal de 200€ + sobras: Poupará mais de 92.000€ em juros e pagará o crédito em 357 meses (menos 20 anos)
Crédito de 30.000€ a 10 anos com amortização mensal de 100€ + sobras: Poupará mais de 4.700€ em juros e pagará o crédito em 85 meses (menos 3 anos)
As comissões sobre amortizações antecipadas
O banco cobra-lhe comissões sobre as amortizações antecipadas, mas por lei estas não podem ser superiores a:
- 0.5% do capital amortizado, em contratos com taxa de juro variável
- 2% do capital amortizado, em contratos com taxa de juro fixa
Por exemplo, se amortizar 1000€, pagará 5€ em comissões. Face ao benefício de longo prazo, este custo pode ser desprezado. A poupança efectiva que o simulador acima exibe, e todos os cálculos neste artigo, têm em conta os custos com as comissões.
Quando não deve amortizar um crédito
Existem dois casos em que não aconselhamos a amortizar o crédito:
- caso não tenha ainda constituído um fundo de emergência. Isto é, antes de partir para as amortizações, certique-se que possui poupanças (depósitos a prazo, p. ex) equivalentes a 6 ordenados – para se precaver para qualquer eventualidade.
- se conseguir aplicar a poupança mensal em investimentos de baixo risco com taxas superiores à taxa que paga no seu Crédito à Habitação.
Relativamente ao ponto 2, é díficil encontrar periodicamente investimentos sem risco ou de baixo risco com taxas atractivas face ao seu Crédito à Habitação. Além disso, não se esqueça que os juros que recebe num depósito a prazo são tributados em IRS, pelo que na maioria dos casos acaba por compensar mais ir amortizando o crédito.
E se estiver sufocado com dívidas e não conseguir pagar a prestação mensal ?
Caso se encontre na situação delicada em que de um momento para o outro deixou de ser capaz de pagar a prestação mensal, pode sempre recorrer a um serviço de renegociação de créditos.
Normalmente, estes serviços fazem por si todo o trabalho de renegociar com o seu banco, mexendo no prazo, consolidando créditos, procurando melhores propostas junto de outros bancos, e por vezes, conseguem inclusivé mexer no valor das taxas.
Regra geral, estes serviços só lhe cobram um fee pontual bastante suportável caso tenham sucesso na diminuição a sua prestação mensal. Ou seja, se não conseguirem resolver o seu caso, não gasta um tostão. Caso procure um, recomendamos o Doutor Finanças do João Morais Barbosa e do Rui Bairrada (parceiros do Boonzi).
Conclusões
A amortização de 100€ por mês num crédito de 100.000€ (tx: 3.25%) provoca a redução do prazo de 50 para 30 anos e permite-lhe poupar mais de 56.000€ em juros! Com o simulador que fornecemos, pode experimentar o seu caso e ver que poupança conseguirá obter.
O seu Boonzi diz-lhe que consegue colocar algum dinheiro de lado todos os meses? Então comece já a livrar-se das suas dívidas!
Comentários
Olá, esta forma de amortizar é interessante. Corresponde àquilo que é por vezes conhecido como o “sistema francês” ou PRICE : http://miltonborba.org/MAT/Amort.htm
Tenho duas questões:
1 – Este parece ser um sistema negociado à partida com o banco, diferente do sistema de amortização constante, que é o assumido pelo João no exemplo. Isto não implica uma alteração de contrato? Como abordar o banco para agendar estas amortizações automáticas?
2 – Relacionado com a pergunta anterior, o João assumiu que à partida estamos no caso em que escolhemos “diminuir a prestação, mantendo o prazo”. Ora se assim é, como é que, na prática (em termos de contrato com o banco) , vamos ter o prazo reduzido, tal como previsto nos cálculos?
Resumindo, estamos num sistema de prestação decrescente (com amortização constante) e prazo fixo. Como é que convencemos o banco a passar para um sistema de prestação fixa (com amortização crescente) e prazo decrescente?
Não vi respostas às perguntas anteriores, o que me dá a entender que o site está “semi-abandonado” 🙁 Por isso se algum dos leitores souber a resposta a alguma das minhas questões, força!
Boa tarde Jorge,
(1) não implica nenhuma alteração ao contrato. Não existe é forma de automatizar as amortizações, terá que se deslocar ao banco todos os meses. Já me disseram que alguns bancos só permitem fazer amortizações antecipadas parciais nas datas de revisão da taxa, mas não sei se será verdade ou mesmo algo previsto na lei.
(2) simples: se não mexe no prazo, a prestação vai diminuindo. Chega a uma altura que a prestação e dívida são tão baixas que o dinheiro que tem disponível para amortizar liquida o empréstimo todo. Um exemplo: imagine que deve 50.000€ a 10 anos, mas que todos os anos amortiza 10.000€ sem mexer no prazo. No ano 5 terá pago o empréstimo todo.
Relativamente ao “semi-abandonado”, o que se passa é que migramos o blog antigo, e perdemos imensos comentários pelo caminho (as respostas), e ainda estamos a ver como podem ser recuperados! (Editado a 28/10/2015 – E já está resolvido, os comentários de resposta já aparecem. 🙂 )
Espero ter ajudado 🙂
Olá João, desde já os meus parabéns pelo seu artigo. Possuo uma dívida de 130000 euros, 35 anos, com spread de 0,4%. Tenho 30000 euros disponíveis para abater no empréstimo, a minha dúvida é, com as taxas tão baixas será esta uma boa altura? E será mais vantajoso abater no montante em dívida ou nos anos do empréstimo? Obrigada
Olá Margarida,
com um spread tão baixo, este é um “mau” momento para amortizar. As taxas estão tão baixas que a sua prestação mensal é praticamente só amortização. Em 130.000€, deve estar a pagar à volta de 40€ de juros numa prestação de 230€.
Amortizando 30.000€, iria baixar a prestação para 180€, mas os juros (a “despesa real”) só diminuiriam 10€. Talvez ganhasse uma diminuição (à partida, residual) do seu seguro.
Porém, iria pagar cerca de 150€ de taxa de amortização. Com a euribor alta, estes 150€ seriam perfeitamente aceitáveis, mas deixam de o ser com a euribor baixa. É que já está a amortizar todos os meses (com a prestação) sem ter este custo. 😉
No seu lugar, eu procuraria formas de investir esse dinheiro com um risco reduzido / moderado. Quando as taxas começarem a subir, aí sim, faria a amortização.
Com spreads mais altos ( > 1.5% ), já se justifica amortizar pois reduzirá a prestação em 100€ e poupará 40€ mensais em juros. Excepto, se porventura as taxas negativas atingirem a euribor 3M e os bancos decidirem de uma vez por todas subtrair a euribor ao spread. Mas isso parece-me um bocado wishful thinking 🙂
A título de registo, eu sigo a evolução da euribor aqui: http://pt.euribor-rates.eu/taxas-euribor-actuais.asp . Neste momento as taxas negativas atingiram a euribor 1M e estão próximas de atingir a euribor 2M. Se atingirão a euribor 3M, só o tempo dirá (futorologia não é comigo 🙂 ).
As minhas desculpas por um pequeno lapso na resposta acima: os valores da prestação que referi são para um crédito a 600 meses. No entanto, como não referiu a duração do seu crédito, os valores serão diferentes, mas o racional será exactamente o mesmo (só mudam em proporção).
Muito obrigada. Cumprimentos
Olá João
Através do site do Pedro e o Blog, tive conhecimento do site do Boonzi.
Antes de expor as minhas dúvidas, endereço as minhas felicitações pelo trabalho apresentado. Está impecável.
Possuo um CH, Spread de 0,70% + Euribor a 6 meses de 0,292% ou seja no total 0,992%, para um capital em divida de 28123,70 € restando cerca de 169 prestações para o fim do crédito.
Confirma-se que posso amortizar todos os meses 50 €, por exemplo, ou sempre na altura de revisão da Euribor / 6 meses? Sempre tive a convicção que era na revisão da taxa.
O CH tem como produto anexo, um Seguro de Vida, que vai aumentando, devido á Idade Actuarial, mesmo que o capital em dívida, vá baixando. Parece um contrassenso, mas é o que se passa.
Em Setembro de 2013, para um capital de 30043,86, paguei 19,74 € e em Novembro de 2014, 23,33 € para um capital de 27974,28.
Perante o exposto, a amortização faseada mensalmente também terá influência no valor do seguro de vida.
Cumprimentos
Jorge
Olá Jorge,
a informação que tenho é que pode amortizar a qualquer momento, avisando 7 dias antes da próxima prestação para amortizações parciais, ou 10 dias para amortizações totais. Este artigo explica bastante: http://www.creditohabitacao.com/artigos/blogue/show/amortizar-o-credito-habitacao/
No entanto, já ouvi várias pessoas dizerem que o banco só permite amortizar nas actualizações da taxa – o que me parece estranho.
Quanto ao Seguro, do pouco que sei, este é calculado em função do capital em dívida e do risco de falecimento (que aumenta com a idade, não sei se linearmente). Já ouvi dizer, no entanto, que nem todos os bancos comunicam à seguradora automaticamente as actualizações ao capital em dívida, e que é preciso tomarmos essa iniciativa. Vou indagar, e se souber mais alguma coisa, deixo aqui em comentário.
Aparentemente há desde 2009 um dec. lei a obrigar a actualização automática do capital em dívida:
http://www.jornaldenegocios.pt/mercados/detalhe/bancos_obrigados_a_actualizar_seguros_de_vida_na_habitaccedilatildeo_a_partir_de_10_de_dezembro.html
João
Agradeço os esclarecimentos
Jorge
[…] Como acabar rapidamente com uma dívida (parceiro Boonzi); […]
Boa noite João,
Antes de mais parabéns pelo excelente artigo.
Tenho uma questão, como funciona as sobras das amortizações?
exp: Se amortizar 100 € por mês ao final de X mês já pago menos Y euros na prestação mensal, significa que vou amortizar (100+Y)€?
Com os melhores cumprimentos,
Carlos
Boa tarde Carlos,
sim, será isso. Isto é, imagine que após despesas, todos os meses lhe sobram 100€. Se amortizar esses 100€ (sem mexer no prazo), a sua dívida diminui. Como diminui, a sua prestação também diminui. Ou seja, no mês seguinte a sua prestação será menor, e sobrar-lhe-á mais dinheiro após despesas (ex: 101€). A ideia será amortizar no mês seguinte os 101€ e assim sucessivamente. Ao fim de vários anos, a capacidade de amortização será tal que a dívida ficará paga muito antes do prazo.
De notar que a escala que usei neste comentário (amortizar 100€ liberta 1€ no mês seguinte) não está correcta – foi só um exemplo -, pelo que o ideal será usar o simulador para perceber quais as “sobras” do mês seguinte. 🙂
Boa noite João,
Obrigado por toda a informação.
Bom dia João,
A minha situação é a seguinte: tenho um crédito com uma taxa fixa a 7 anos, pretendo amortizar um determinado valor, sendo que ainda me faltam alguns anos para terminar o período de taxa fixa.
Aqui fica a duvida…amortizando esse determinado valor a minha prestação mantêm-se a mesma durante o período em falta até terminar os 7 anos ou é actualizada no inicio do mês seguinte consoante o valor que eu amortizar? Sendo que a intenção com esta amortização antecipada é baixar o valor da prestação mensal.
Parabéns pelo blog
Boa tarde Filipe,
espero ter percebido a sua questão e não estar a dizer nenhuma asneira. 🙂 Independentemente de ter taxa fixa ou variável, quando amortiza, o seu capital em dívida diminui. Se não mexer no prazo, a sua prestação terá consequentemente que diminuir.
Deverá é ter em conta que a taxa de amortização em créditos com taxa fixa é mais alto: 2% sobre o capital amortizado. Nos créditos com taxa variável, esta penalização é de 0,5% sobre o capital amortizado.
Espero ter conseguido ajudar. 🙂
[…] * Escrevemos também sobre o tópico das amortizações de crédito à habitação no artigo “Como acabar rapidamente com uma dívida”. […]
Bom dia João e et al.
No meu caso, que tenho um TAN de 0.595% (spread = 0.29% + euribor (3m) = 0.305%), vale mais a pena amortizar ou investir? E se for investir, onde é mais vantajoso?
Cumprimentos,
Sandra
Olá Sandra,
não sou a melhor pessoa para a aconselhar, até porque a resposta não é fácil. Por um lado, o seu spread + taxa de juros são muito baixos. Ou seja, está a pagar pouco pelo seu crédito. E irá pagar menos, visto que a taxa de juro terá tendência a descer nos próximos meses – e subirá mais rápido um pouco mais tarde.
Por outro lado, as taxas de juro de investimentos “sem risco” estão muito baixas. Se encontrar um investimento com taxas superiores às que paga no crédito, então essa será a melhor opção mas tenha em conta que a grande maioria dos depósitos com taxas atractivas resultam de campanhas promocionais com prazos curtos, não renováveis (veja aqui: http://www.pedropais.com/depositos/melhores-depositos-a-prazo ).
Com condições tão vantajosas, está a pagar um custo baixo para ter liquidez (i.e. para ter dinheiro disponível). A componente dos juros da sua prestação mensal é baixa neste momento (quase só está a amortizar), pelo que tentaria encontrar forma de investir o dinheiro disponível, e voltaria às amortizações assim que os juros voltarem a subir.
Isto pode ser muito interessante, mas nao é real, porque a generalidade dos bancos e contratos têm um valor minimo para pagamento (no meu caso sao 1.000€) e uma antecedencia de 10 dias. ou seja, dificultam que as pessoas o possam fazer…
Gonçalo,
a antecedência de 10 dias é normal. Quanto ao valor mínimo, há bancos a praticá-lo mas: http://dinheirodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=76207
Entretanto estou à procura do Decreto lei em causa, mas eu e a leitura do DRE não somos muito amigos… :o)
Cá está (vindo do Banco de Portugal):
“O cliente bancário pode, a qualquer momento: Pagar parte do capital em dívida e no montante que entender. […] com pelo menos sete dias úteis de antecedência ”
Fonte: http://clientebancario.bportugal.pt/pt-pt/produtosbancarios/creditoahabitacao/principaiselementos/paginas/reembolsoantecipado.Aspx
Será o Decreto-Lei n.º 51/2007
Excelente artigo João! Muitos parabéns pelo esforço tão útil para todos 🙂
Só não percebo como é que amortizando antecipadamente, para diminuir a prestação mensal, também vai diminuir o n.º de meses de pagamento… Em todos os mapas que conheço de amortizações, não há lugar à redução de meses se optamos pela redução da prestação.
Podem esclarecer-me? Muito obrigada 🙂
Olá Ana,
É simples. 🙂
Sempre que amortizamos:
– a dívida diminui
– a prestação diminui
– fica com mais dinheiro para amortizar no mês seguinte
Chegará a um ponto em que a velocidade a que a sua dívida é amortizada é tão alta, que a amortização adicional acabará por a amortizar de uma vez só.
Usando um exemplo extremo: imagine que deve 100.000€ para pagar em 50 anos. A sua prestação é de 200€. Agora amortiza 99.900€, e não mexe no prazo.
Fica a dever 100€. Como não mexeu no prazo, a sua prestação é ajustada para os 50 anos, passando a pagar 0.20€ por mês. No mês seguinte terá mais 199,8€ disponíveis para amortizar (face ao mês anterior), que é um valor superior à sua dívida. Apesar de não ter mexido no prazo, a sua dívida fica liquidada, porque a sua capacidade de amortizar tornou-se superior ao valor que deve. 🙂
Isto é possível ver no simulador, analisando os resultados detalhados ao longo do tempo.
Espero ter conseguido explicar. 🙂
ótimo artigo , muito interessante
Obrigado por este excelente artigo!
Os cálculos estão feitos para o caso de uma penalização de 0,5%. Mas não existe a obrigatoriedade legal de pagar 4% sobre o valor da penalização, portanto, no caso de 1000€, 5,02€? Mas, mesmo assim, compensa plenamente.
No meu caso (taxa de 2,75%), cuja penalização é 2%, (mais 4%), já as vantagens são muito menores. Imaginando que queria amortizar 10000€:
a) Penalização 208€ (2%+4%);
b) Poupança na mensalidade (sem sobras) 22,92€;
c) Poupança real ao fim de 5 anos: 1167.2€
Se com esses 10000, comprasse títulos do tesouro Poupança Mais, ao fim de 5 anos, teria lucrado, no mínimo, 1530€, o que me faz ganhar mais de 360€. Havendo ainda a vantagem de, em caso de crise, levantar o dinheiro ao fim de um ano
Ainda não fiz contas às sobras, vou fazê-las agora com a ajuda prestimosa do vosso simulador. Não há a possibilidade de fazer a simulação com a penalização de 4%?
Excelente o vosso trabalho,verdadeiro serviço público.
Não há a possibilidade de fazer a simulação com a penalização de 4%? Retifico, 2%.
Olá Horácio. Os 4% do imposto de selo foram desprezados no artigo para não o complicar. Por exemplo, uma amortização de 100.000€ pagará 500€ de comissão de amortização e 20€ de imposto de selo – não é substancial.
Há várias situações em que não é vantajoso (ou não deve) amortizar um crédito, conforme referido no artigo.
A primeira, é quando ainda não tem um fundo de emergência. É muito importante ter liquidez para situações de emergência.
A segunda, é quando consegue encontrar produtos de poupança com taxas superiores (menos IRS) à do seu crédito. Ou, se a comissão de amortização for alta, como no caso de créditos com taxas fixas. Infelizmente, o simulador não considera esse caso…
Muito obrigado! Parabéns pelo trabalho que desenvolvem.
E no caso de ser um empréstimo com taxa variável (a 3 meses por exemplo)? Faz sentido ser todos os meses à mesma ou trimestralmente antes da revisão da taxa?
Olá Pedro,
faz sentido amortizar todos os meses – embora o ganho efectivo seja aparentemente pequeno, não deixa de ser um ganho.
O cálculo da prestação é feito sobre o valor em dívida. Se num mês a sua dívida diminuir, no mês seguinte já pagará uma prestação menor.
Não há qualquer relação com a taxa, visto que as amortizações não mexem com as taxas – mexem apenas com o capital em dívida. 🙂
Significa que é sempre vantajoso amortizar seja com taxa fixa, como com taxa variável.
Espero ter ajudado!
bom dia e obrigado pelo excelente artigo!!!
Só um aparte,… há instituições financeiras que só deixam fazer duas amortizações por ano.
Bom dia caro João.
Tenho seguido com bastante interesse esta questão das amortizações antecipadas. Gostaria que me explicasse porque é que sempre que faço uma amortização antecipada ao meu crédito habitação (CGD) além de diminuir a prestação mensal como é esperado, verifiquei também uma diminuição do valor do capital de amortização na prestação mensal. Será isto normal? Ou será isto mais uma estratégia do banco para de algum modo atrasar o meu esforço para a liquidação do empréstimo?
Boa noite Bruno,
é normal pois a sua dívida diminuiu, mas manteve o prazo. Como deve menos, a amortização incluída na prestação também terá que diminuir para assegurar que cumpre o prazo do contrato. E não é só a amortização a diminuir, mas também os juros.
Imagine que emprestou 10.000€ a um amigo, que os vai pagar durante 10 meses na forma de 1.000€/mês. No 6º mês, o seu amigo amortiza e fica a dever só 1.000€. Como faltam 6 meses, mensalmente passará a pagar-lhe 166€.
Se experimentar no simulador acima verá este efeito.
Isto é positivo, pois liberta mais dinheiro todos os meses (as “sobras”), que pode usar para reforçar a próxima amortização.
Se o fizer, mesmo sem mexer no prazo, conseguirá reduzir drasticamente a duração do crédito, pois chegará a um momento em que ainda faltarão vários anos para cumprir o contrato mas terá uma prestação tão baixinha que consegue amortizar tudo num instante com o dinheiro que sobrar todos os meses.
(De notar que, com a Euribor tão baixa, só compensa amortizar se tiver um spread alto – i.e. maior que o que consegue em investimentos conservadores)
Bom dia caro João.
Agradeço imenso o seu esclarecimento que foi bastante enriquecedor a todos os níveis. Poderia enviar-me o Simulador de amortizações em Crédito à Habitação…
Parabéns para a excelente ideia e continuação deste espaço.
Cumprimentos,
Bruno
Olá Bruno,
o simulador está no artigo, sensivelmente a meio. 🙂
[…] Como acabar rapidamente com uma dívida (parceiro Boonzi); […]
Olá João, antes de mais parabéns pelo Boonzi. Sou utilizador e estou bastante contente, continuem com o bom trabalho. Uma pergunta estão a pensar introduzir este simulador no Boonzi? Obrigado desde já pela resposta.
Viva Bento,
os simuladores que vamos fazendo, iremos colocando no blog. No próprio Boonzi, nesta fase é um bocado impraticável até porque temos muita coisa prioritária em espera para acrescentar antes. 🙂
PArabéns pelo artigo. Bastante interessante, mas tenho uma questão a colocar-lhe. Ao realizar esta amortização antecipada o banco não irá proceder à atualização do spread?
Se não alterar o prazo, as condições contratuais não se alteram pelo que não há razão para o banco querer renegociar o spread.
Olá João, obrigado pela resposta, vou tentar acrescentar esses dados ao meu simulador. Já agora outra questão, uma vez que estamos a falar de amortizações, valerá a pena informar a seguradora para actualizar o valor em dívida? Provavelmente também teremos uma poupança interessante no seguro de vida!
Dado o “valor baixo” do prémio (face à prestação), a poupança não será muito alta, mas compensa sempre.
Com a sua pergunta, surgiu-me outra: será que o meu banco actualiza automaticamente o valor da dívida na Seguradora (subscrita num pacote do meu CH), ou tenho que o fazer “manualmente”? Vou tentar descobrir!
Parabéns João, artigo extremamente interessante. é possível arranjar este simulador em excel, ou a fórmula de cálculo? Tenho um simulador de crédito habitação em excel e gostava de testar para o meu caso. Desde já obrigado.
Olá Frederico. Obrigado 🙂
O simulador foi implementado directamente em javascript, não fizemos nenhuma versão em Excel.
A fórmula é a mesma usada para calcular um crédito à habitação (ppmt, ipmt), com a diferença que todos os meses ajustamos (por código) o valor da dívida – é subtraída a amortização adicional e também o excedente face à prestação do primeiro mês. Espero que ajude 🙂
Adorei este artigo, ainda nao fiz os meus calculos mas queria por ja uma questão se me permite: as amortizacoes mensais teem vantagens sobre uma amortizacao por ex de 4 em 4 meses para um mesmo montante?
Obrigado desde ja
Olá Nuno,
embora o benefício seja quase desprezável em amortizações baixas, a amortização mensal é mais vantajosa.
Os juros que paga durante os 4 meses em não amortiza são sobre o valor total da dívida face ao prazo (que só vai baixar no 4º mês).
Se amortizar mensalmente, os juros no mês seguinte já serão calculados sobre uma dívida menor, e por aí sucessivamente.
Ou seja, é mais vantajosa a amortização mensal.
Muito obrigada pelo seu esclarecimento Joao 😉
[…] simulador que acompanha o artigo fiz algumas experiências e os resultados são sempre surpreendentes. Por […]
Olá João, Muitos parabéns pelo site, software de gestão e sobretudo pelo contributo precioso 😉
Uma questão, ao ser referido que o ideal é fazer amortizações regulares resta-me uma dúvida, há alguma forma rápida/simples de o fazer?
Isto porque após algumas pesquisas deparei-me com a obrigatoriedade de avisar o banco (BPI) com 7 dias de antecedência de cada amortização e que têm de coincidir com a prestação.
Com esta burocracia não simplifica, caso houvesse uma função directa como para pagar o cartão de crédito, por exemplo, aí seria perfeito.. Muito rápido e simples.
Olá Ruben. Obrigado. 🙂
Não sei ao certo como é em todos os bancos, mas no meu (Barclays) é preciso ir mesmo lá assinar uma folhinha com uma semana de antecedência.
O ideal seria poder amortizar directamente através do online banking, sem deslocações e papelada. Mas enfim, é o que temos 🙂
Posso fazer amortizações sempre que me apeteça, com montantes variáveis, sem que tenha que ser de forma rotineira?
Sim! O ideal é conseguir fazê-lo de forma regular e disciplinada.